Não-ser
"Meus desejos foram sempre, prematuramente, abortados.
Espontaneamente.
Antes que eu pudesse sentir o doce gosto
da caminhada
as pontes à minha frente foram destruídas.
Bastou eu desejar,
Me levantar em direção ao objeto de meu anelo
para que as muralhas de meu futuro castelo viessem a ruir.
Na esperança (estúpida) de que tanta desgraça
fossem apenas sombras de uma nuvem passageira,
novamente,
inutilmente,
levantei-me.
Genuinamente cri.
Mais expectativas.
Novas tentativas.
Seguidos de novos abortos.
Hoje já não espero,
não desejo,
não penso,
não almejo,
não creio,
não vivo.
Apenas existo.
Ou, talvez esse seja minha última
ilusão;
Existir."
(A.G)