=Conversas de Bar=

Assuntos despolarizados, desconexos, filosofias sem muito fundamento (ou com fundamentos, caso você tenha noção do que diz), minhas crônicas, crônicas de outros, poemas meus e de outros, desabafos, sugestões, crítícas, histórias de trem, do trólebus, do dia-a-dia ou puramente conversa de bar... Puxe uma cadeira e aprochegue-se!

quarta-feira, março 14, 2007

Falsos grilhões

Não quero escrever para ninguém
além de mim
Terei eu forjado minhas próprias marcas
ou serão o resultado
do que a minha vida me reservou?
Existe um caminho que alguém traçou?
Ou será pura e simplesmente
o desenrolar dos caminhos
à que meu andar me levou?
Para aquilo que está além de minha compreensão
eu preciso de uma explicação...
...não posso mais...
Não é possível fingir mais
que nada acontece;
Trago em mim uma angústia rouca
que nunca desaparece;
vapor nas paredes de minha mente,
que nunca desvanece...
Lágrimas já não existem...

Quando foi que eu morri?
Como isso se deu e eu nem precebi?
Quem não teve o préstimo de me enterrar
dando-me ao corpo, também, um descanso?
Porque ess estado não trouxe-me
um torpor manso à tomar meu corpo
afastando-me de toda essa aflição?
Quem teria o desplante,
maldade sem proporção
de matar-me, permitindo que eu viva para o saber?
Privar a vida de uma coração já não seria o bastante
para, além disso, poupar-lhe também o gosto de morrer?
Volto-me, instintivamente, para mim.
Observo, observo, observo...
...o que acontce nesse túnel vazio
porém, sem fim?
Onde estarão escondidas as várias versões de mim?
Quantas haverão lá dentro
para serem, não sendo,
tantas
e causar um alarde surdo
e tamanho?
Foram tantas de mim que sufoquei,
às vezes, tão violentamente
que agora já não as diviso.
Escondem-se em todos os recantos obscuros
deixando rastros de seus sentimentos
astutos
com os quais, um desespero, eu faturo.
Pensamento que vêm e somem;
seria eu um Golem,
matéria sem forma,
corpo sem alma?

Para tal, a aflição que me adorna
e por mais que eu procure
nunca encontro a paz e a calma...!
Tão profunda quanto a Cordilheira do Atacama
é a voz que me clama
lá no íntimo de mim
revolvendo toda a inquietação
deixando-me à beira da alucinação
quando, em meio à todo o silênio,
ouço o grito imenso...

...Ainda não discerni as palavras que flutuam
no íntimo de mim,
no sussuro da vida que, em mim, pede para ser ouvido.
Preciso atender à consciência que clama por libertação."

(A.G)