=Conversas de Bar=

Assuntos despolarizados, desconexos, filosofias sem muito fundamento (ou com fundamentos, caso você tenha noção do que diz), minhas crônicas, crônicas de outros, poemas meus e de outros, desabafos, sugestões, crítícas, histórias de trem, do trólebus, do dia-a-dia ou puramente conversa de bar... Puxe uma cadeira e aprochegue-se!

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Mil e uma maneiras de comer

Ei, meu povo! Cá estou eu, novamente. Hoje afim de falar sobre algo inusitado, sobretudo partindo de mim.
Pensei em falar sobre machismo, política, culinárias, talvez sentimentos. Tudo muito clichê, e muito simples. Resolvi juntar tudo e fazer um bem bolado.
Estive eu confabulando com meus garfos e facas acerca do verbo (ou do ato, que seja) comer.
Sim, comer. Quero dizer: eu, que sou uma garota de Neanderthal, onde os mesmo homens que nos carregavam pelos cabelos (pura expressão de carinho de um gorila, ainda não lapidada) no processo evolutivo os mesmo passaram à abrir portas: do carro, da casa, do restaurante. Homens e mulheres jantavam à luz de velas antes de tudo acabar em pizza. (Esqueçam a pizza, eles já haviam jantado). Retomando: pra depois "fazer amor". Ou, simplesmente, sexo. Ok.
A comida foi pro estômago ou ficou lá, no prato do restaurante.
Hoje é uma comilança pra lá e prá cá, não sei como não dá indigestão.
Minha humilde, brega e tosca opinião: grosseiro, feio e deselegante homens que dizem ter comido uma mulher. Ops, desculpem a formalidade: um cara que diz ter comido aquela mina. Aliás, se me permitem, me dá nojo e vontade de vomitar (meu desprezo e minha última refeição).
É curioso que se você pergunta alguma coisa pro engraçadinho, ele diz que não se lembra nem do que comeu ontem, mas sempre recorda das mulheres que foram comidas na hora de contar (talvez, acrescentar) detalhes pros amigos...
Bem, vamos analisar gramatical e polidamente falando. Começo pelo cara, pelo comido ou pela mina? Pela mina.
Mina é um lugar cheio de tesouros escondidos. Hum... A gente não come, explora. Mas, peraí... se o cara dizer que explorou a mina, continua mal. Parece que catou toda a grana da pobrezinha e saiu vazado. Esquece a mina.
Indo pro comer e todas as suas variações.
Já vou dizendo que não entendo porque homem usa esse verbo, nesse sentido. Se eu estiver errada, me corrijam: como se chama a ação de "introduzir" uma garfada de arroz e feijão na boca? Comer?! Pois bem. Então, desse ponto de vista o "comer" é ir pro buraco de quem come, certo?! Logo: homem não come mulher, a mulher é que come o homem. Claro, à menos que sejam 2 homens, aí um deles é que é o papa-tudo.
Se homens não fazem a menos questão de ganhar pelo charme e sensualidade, pelo menos, tentem ser inteligentes e usem a cabeça (estou falando daquela outra, que deveria pensar). Simplesmente, quando dizem: "Comi fulana", em outras palavras você está dizendo que foi comido, degustado (não necessariamente apreciado, o que é pior) por fulana. Afinal de contas, você introduziu a sua "comida" através dos lábios dela (quaisquer que sejam eles. Ou... enfim...!)

Ok, ok. ok. Podem todos atirar tomates, vaiar e avacalhar. Ou então, àqueles que são mais pudorados, me digam que esse é um assunto muito delicado pra gente tratar assim, sem anestesia, nem um copo de pinga, fora do horário de censura.
Lá, de onde eu venho, delicadeza significa outra coisa.
Vivemos num mundo onde nem médicos tem a delicadeza de dizer à família de um paciente que ele não resistiu à cirurgia e pitou na curva, bem ali, na mesa de cirurgia. Separação de pais tendo filhos pequenos também não é um assunto delicado. Tocar na ferida alheia também não necessita de sutilezas. Tão menos, falar de um assunto desses, onde, na mais idílica e romântica hipótese é onde começa a vida.

Tá bem, tá bem... na próxima eu escrevo sobre culinária: "Mexa delicadamente, com cuidado, antes de comer..."

Aline Gobeti

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Afirmo sem a menor sombra de dúvida que este é o texto mais abastado de duplo-sentido que já lí na vida!

À autora, parabéns pela não-sutileza e pela coragem de expressar sua indignação.

E pra finalizar, aos homens se aplica o mesmo ditado que aos cães: "... Os que ladram, não mordem."

=)

11:07 PM  
Anonymous Anônimo said...

Sabe que apesar de tudo os americanos estão certos numa coisa. Os homens por lá dizem "eat me", ou, como você mesma concluiu, "me coma". Até que eles não são tão burros, né?
Aliás, temos aí mais uma prova do machismo brasileiro. Afinal, é provável que tal expressão tenha vindo da terra do Tio Sam ou, no máx, dos colonizadores deles.
Então um brasileiro indignado ao ouvir a frase, disse: "Se alguém come aqui esse alguém tem que ser eu!". (Talvez esse verbo soe "ativo" [sem segundas intenções aqui, é sério!] por se tratar de uma ação. O único que podia sê-lo era quem? hein? hein?). E aí ficou.
Tsc, tsc, tsc...
Então, na próxima vez que comprarmos camisetas, devo eu protestar contra o machismo comprando e usando uma camiseta estampada "Eat Me"? "Me coma"? Hummmmm..... hehehehe
Bjo!

PS: A poesia da música que cantei pra vc está postada no meu blog, pode roubar de lá!

1:35 AM  
Anonymous Anônimo said...

Opa!
Achei seu blog sem querer Aline.
E adorei, vc escreve muito bem e de uma maneira que faz o leitor ir até o final do seu texto e esperar pelo próximo.

Parabéns.

Passarei sempre aqui..

Beijos

8:27 AM  

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