=Conversas de Bar=

Assuntos despolarizados, desconexos, filosofias sem muito fundamento (ou com fundamentos, caso você tenha noção do que diz), minhas crônicas, crônicas de outros, poemas meus e de outros, desabafos, sugestões, crítícas, histórias de trem, do trólebus, do dia-a-dia ou puramente conversa de bar... Puxe uma cadeira e aprochegue-se!

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Melhores momentos de uma viagem

Férias.
Viagem com duas amigas.
Eu, Cris e Tita. E uma prima da Cris que só embarcou na ida.
Dividimos gasolina e todos os gastos. Até o pãozinho nosso de cada dia. Aliás, o olho da cara! Onde já se viu! R$ 2,40 um mísero pãozinho?! Coisas do interior.
Mas as cachoeiras e as risadas, até mesmo os sustos, fez todo o demais valer a pena.
Sustos? Siiiimmm. Um sustinho básico, onde apenas nascemos de novo. Bom, pelo menos a Tita e eu, que não sabíamos nadar. A Tita ainda sabia boiar, pelo menos. Mas acho que com o susto, a Cris também nasceu de novo.
"Dá pé! não tem problema! Dá pra ficar embaixo da queda, deixando a água cair nas costas! Hum, é uma massagem!" Ok, se dá pé, então tá tudo certo. Vamos, né!
Detalhe: em nossa viagem de 5 dias, choveu todos os 5 dias. O último foi molhado por uma garoa leve, mas, ainda assim, não deixava de ser chuva.
Fomos para a cachoerinha, com a queda pequena, que dá pé. Sem problemas. Dava até pra sentar embaixo, veja só!
A correnteza estava, no mínimo, violenta. Mas tudo bem, o importante é que dava pé. Qual não foi a nossa surpresa ao descobrir, quando chegamos perto da queda (sim, aquela que dá pé) que, devido às chuvas, creio, as pedras, simplesmente... afundavam! As pedra até davam pé, mas esse mesmo pé ia para baixo logo em seguida! E com elas, eu e a Tita. E com a gente, o susto da Cris também baixou.
Questão de segundos, tudo muito rápido, "Segura em mim", "Fica nessa pedra" "Vai salvar a Tita!", "A gente tem que contornar a correnteza!"... Exceto pelo som ensurdecedor da água, em nós três reinava o silêncio. Silêncio de susto, silêncio de meditação, não sei o que se passava na cabeça delas, exatamente, mas creio que era algo do tipo: "Essa foi por pouco".
O importante é que tudo deu certo. Claro, pra finalizar, eu tive uma pequena queda quando todas estávamos à salvo, mas algo que, somente, rendeu risadas. Mais.
Porém, na retrospectiva dos fatos, lembro-me, claramente, que na aflição de sairmos dali, inteiras, e não sermos levadas pela correnteza, atravessamos de um lado ao outro, de mãos dadas, em círculo. Ver que a nossa vida estava ali, por um fio... Ou melhor, por muitas gotas, dá um medo sem proporções; porém, nesse momento, a gente percebe o quanto a cumplicidade serviu-nos de proteção. Em meio à toda aquela correnteza, a força de nossa amizade foi o amparo que nos envolveu. E nos carregou até a outra margem. Sãs e salvas.
Sim, na hora foi desesperador. O importante é que agora nos faz rir.

Aline Gobeti