Anseio pela parte amputada de mim

Quisera eu ter forças
de afastá-lo, de uma só vez, da minha vida
pedir que se retire,
feche a porta,
leve sua lembrança para longe.
Dissimulada, fingida,
fingir que já nem me importo.
Me divertir, não notar teu reflexo batendo em meu coração...

Quisera eu não ter mais sua recordação me assombrando,
limpar a casa, tirar da gaveta tudo o que é seu
e substituir apenas pelo que é meu.
Acaso, o que me pertence, de fato?
Hoje, tudo o que possuo são minhas emoções,
sofríveis sensações
de um coração que bate atordoado
esperando pelo momento derradeiro da parada,
quando o ar lhe falta,
o desconcerto lhe assalta...

Quisera eu esquecer de sua existência,
fingir que lhe ofereci resistência,
quisera não ter perdido o pouco que tinha,
a alma que era somente minha...
quisera mudar o passo no instante preciso
de encontrá-lo e ter uma fugaz visão do paraíso
acreditando ser real o que apenas foi uma ilusão:
a luz que me iluminou era, apenas, o teu sorriso.

(A.G)