=Conversas de Bar=

Assuntos despolarizados, desconexos, filosofias sem muito fundamento (ou com fundamentos, caso você tenha noção do que diz), minhas crônicas, crônicas de outros, poemas meus e de outros, desabafos, sugestões, crítícas, histórias de trem, do trólebus, do dia-a-dia ou puramente conversa de bar... Puxe uma cadeira e aprochegue-se!

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Abandono

Por você, eu abandonei meu amor próprio,
mantive cativa a minha vontade,
controlei minha impulsividade.
Por você abandonei meu pára-quedas e finquei meus pés no chão,
mantive meus princípios embaixo do colchão,
controlei minha espontaneidade.
Por você abandonei amizades,
mantive na gaveta minha popularidade,
controlei minhas saudades.
Por você, também, fechei meus meus olhos e confiei,
mantive esperança, acreditei,
controlei minha tristeza e insegurança.

Por você eu esperei,
quis,
desejei, lutei,
vesti, investi e resisti,
dormi, sonhei, acordei.
E quis mais.

Por você, abandonei a mim.
Mantive-me num silêncio sem fim
controlei meus desejos, por mais que estivesse afim...
Mas também foi por você que, para a realidade, eu acordei...

De te querer eu nunca deixei,
sigo te amando,
e querendo
e desejando.
No entanto, dói demais querer-te tanto assim.
Dói porque eu te quero
e você nunca vem a mim.
O pouco tempo que lhe resta
(admito pouco) nunca me inclui,
ainda que disponível eu sempre fui
tu te denuncias que minha parte em tua vida
é preencher a lacuna que sobra
na falta do que fazer.

O mundo é imenso
e o tempo, não é uma eternidade
quando se quer correr atrás de seu desejo.
Logo, eu reconheço:
há muito você não me quis.
Em seus braços fui feliz,
ainda que pouco estive contigo
Ou porque estava com teu amigo,
ou em tua lida,
cuidando de tua vida
(na qual sequer estiver incluída),
lavando o carro,
me tirando o sarro...

Vou andando,
vou andando e ainda te amo
mas não posso ficar.
Agora que sei que para sempre ficarei à te esperar,
te amando e esperando,
amando e esperando...

Ironia,
procuro agora o que me faça te esquecer.
Começa a anoitecer,
o dia logo surge, a clarear.
Trabalho, corro, canso, não durmo.
Sumo.
Procuro formas de não te lembrar.
Talvez guardá-lo, com carinho, na gaveta de um passado
que não pretendo resgatar.
Tento jogar essa toalha para o alto,
olhar pra outro lado.
Um lado onde você não esteja...
Mas eis o erro: não é você, propriamente, quem deve desaparecer
pois já nunca está aqui.
Meu coração é que deve esquecer,
tanta tristeza e solidão já não posso carregar,
devo partir dessa plataforma,
pairar em outro lugar;
um lugar que não me lembre de você,
um lugar onde eu consiga não te esperar,
nem te amar...

Aline Gobeti

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Vc é simplesmente maravilhosa!!!!!!
Tenho orgulho de vc e das coisas que escreve! Cara tenho uma amiga poeta, privilégio de poucos! Amo vc!

7:57 PM  

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