=Conversas de Bar=

Assuntos despolarizados, desconexos, filosofias sem muito fundamento (ou com fundamentos, caso você tenha noção do que diz), minhas crônicas, crônicas de outros, poemas meus e de outros, desabafos, sugestões, crítícas, histórias de trem, do trólebus, do dia-a-dia ou puramente conversa de bar... Puxe uma cadeira e aprochegue-se!

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

A prateleira de cristal de cada um

Todo mundo tem uma. Assuntos que devem permanecer guardados, não tocados.
De longe podemos enxergar a placa "NÃO TOQUE".
Alguns episódios da história alheia é, como diria o ex-ministro Rogério Magri, "imexível".
Outras vezes a gente só percebe a advertência depois que a conversa já enveredou pelo caminho proibido.
Aí, corre-se o riso de, não somente ter a conversa encerrada (o que, por si só, já é bastante desagradável) como também, não raras vezes, relações cortadas!
Aquela desavença com os pais, a morte de um ente querido, a demissão do emprego, o fim do relacionamento... mesmo aqueles que dizem ter a vida como um livro aberto também têm os seus capítulos censurados e suprimidos. Ninguém escapa.
Tentamos esconder esses assuntos, cristais tão frágeis, atrás de outros menos embaraçosos. Com sutilezas ou sorrisos amarelos desvia-se a conversa toda a vez em que periga chegar perto "daquele" assunto.
Contudo, seeempre existem pessoas indiscretas, maldosas ou simplesmente sem-noção. Aquelas desatentas das boas maneiras que gostam de fuçar no baú que não lhe pertence.
Alguns são adeptos de insistir em tocar na ferida alheia, acreditando que a pessoa querida deve, à todo custo, encarar o espelho, sacudir a poeira e bola pra frente.
Pode não ser tão simples assim. Cada um é cada um, com suas limitações e ritmos próprios. Gerlamente essas prateleiras são mais reforçadas, dada a fragilidade do que guarda.
Além da possibilidade de fazer um bem, em contrapartida é arriscado machucar ainda mais. Afinal, cada um sabe que a simples visão dos seus cristais é o suficiente para remeter-se à cortes antigos, recordando o quanto feriu, ardeu.
Meu conselho? Bem, se é que devo me pronunciar à respeito, sugiro que cada uma averigue primeiro a estrutura do armário onde pretende mexer.


Aline Gobeti