=Conversas de Bar=

Assuntos despolarizados, desconexos, filosofias sem muito fundamento (ou com fundamentos, caso você tenha noção do que diz), minhas crônicas, crônicas de outros, poemas meus e de outros, desabafos, sugestões, crítícas, histórias de trem, do trólebus, do dia-a-dia ou puramente conversa de bar... Puxe uma cadeira e aprochegue-se!

sábado, março 21, 2009

"É ali... bem ali, quando nada mais é possível, nem mesmo um passo. Aliás, um passo é um esforço sobrehumano...
todas as forças se esvairam... nenhum ânimo à espreita...
nenhum sol aquece o suficiente, nenhuma tempestade é destrutiva o bastante... nenhum veneno é tão mortal quanto o preciso...
é ali, quando o desespero já se tornou quase nada, de tão ínfimo, se comparado ao sentimento-peso que carrego... quando a beira do abismo já deixou de ser assustadora e, ainda assim, depois de pular, saltar para o fim, descobre-se que o fim (inexistente) do abismo não lhe traz a tão esperada paz...
Fechar os olhos, dormir, descansar para sempre. Para nunca mais sentir. Nem lembrar. Nunca mais lembrar.
Nunca mais lembrar o quanto foi bom. E nunca mais ter uma lembrança que me faça sentir mais!
Sim, porque já basta o que sinto, a todo momento, a todo instante, ininterruptamente. Quando a loucura já não traz nenhum alívio. O corpo, a mente acostumou-se completamente à insanidade que me toma, e essa esperança de torpor já não traz alívio algum. Quando a loucura já não é o suficiente para desligar meu fio da tomada. Não mais.
É ali... bem ali... nesse instante, quando nem o desespero, nem o falso esquecimento, nem o fundo do abismo, nem o alçapão... nada disso mais me permite mesmo ter a esperança do alívio. Lembranças nocivas de momentos nocivos que me perseguem, que se tornam parte inerente da minha mente, e já não me permite, de maneira alguma, me desligar.
Descanso que tanto anseio.
Ah... esperado sono, escuro, nada, o que seja, que me trouxesse o alívio de não ser. Nem de lembrar...
Nunca mais manter esse corpo animado de mente inanimada... sepultar de vez este coração morto que trago no peito...
Nunca mais ser. Nem lembrar."

Aline Gobeti

2 Comments:

Blogger Unknown said...

Nossa amiga, que drama já pode ser atriz.

11:03 PM  
Blogger Unknown said...

Que lindo Maria!!! Não é a toa que vc é minha autora preferida!!!

9:48 PM  

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