Mein Kampf Particular

Luto
Luto porque preciso lutar
Lutar pelo que ainda acredito, quando todos já desistiram de acreditar
Luta para provar;
provar que estavam errados em me desacreditar
Luto para provar que há mais do que se enxerga, além da superfície. Ou abaixo.
Luto para provar que valia a pena tentar.
Luto para trazer à tona o que insiste em se esconder.
Luto porque não acredito no óbvio, primeiras impressões, ilusões do previsível.
Luto porque busco e permito me surpreender.
Luto para superar uma muralha imposta, uma essência escondida, refratária, hermética.
Luto porque acredito que existe algo além do que parece ser visto.
Previsto.
Luto
Insisto, persisto, persigo.
Luto porque não entendo.
Luto porque você não me explica o que não compreendo.
Luto porque ninguém me convence do contrário.
Luto porque discordo do que não acredito.
Luto
Luto ainda que sozinha, luto porque me resta lutar,
Luto porque não consegui, como você, desertar, recolher minhas armas, nem o campo de batalha abandonar.
Luto porque preciso tentar alcançar.
Luto pela melhor porção de mim, só existente ali...
Luto porque sinto, porque amo, porque preciso, porque quero, acredito, luto porque não ignoro o que me corrói.
Luto pra continuar respirando,
respirando,
respirando.
Luto
Aqui me vejo, em carne viva,
em brasa,
vestida de negro, de luto, velando por um coração, já sepultado, em meu peito.
Luto
Contra tudo.
Contra todos.
Luto, porque na espera, só me resta lutar.
Luto contra a inércia,
contra o desânimo, que fica à espreita esperando me dominar.
Luto, me guiando, crendo num raio de luz que me permita enxergar.
Luto, ainda que houver a completa escuridão, na esperança de que venha à clarear.
Luto
Luta
Minha luta, louca-luta em insistir,acreditando no invisível, não palpável,
vendo o que deixou de existir.
Luto para não abandonar o que me é insubstituível, luto pela minha razão pessoal de continuar, esperar, respirar...
Luto contra a cegueira que você insiste em aceitar.
Luto.
Por tudo.
Por tu.
Por nós.

Aline Gobeti